Só tu és, contínua,
graciosa, quem se entrega,
quem hoje me chama. Toma, 
toma o calor, a fortuna, 
a cerração de bocas
fechadas. Docemente
vivemos. Morres, rendes-te.
Só os beijos reinam:
sol lento e amarelo,
rente, delicado,
que morre aqui, nas bocas
felizes, entre nuvens
rompentes, entre azuis
afortunados, onde brilham
os beijos, as delícias
da tarde, o alto
deste poente louco,
quietude, que vibra
e morre. — Morre, sorve
a vida. — Beijas. — Beijo. 
Oh mundo assim dourado!
 
Vicente Aleixandre 
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário