Aparecendo
sem aviso, a lua
Contra
os picos evita se arranhar
E
para o céu aos poucos escorrega,
assim
como quem sabe o seu lugar.
De
imediato, me diz meu coração:
“Adora-A,
Virgem, Mãe, Musa, Cabeça
Digna
de ver, mas Que há de construir-te
Ou
destruir-te, conforme lhe apeteça.”
E
então a minha mente, num reflexo:
“Não
me dirás, presumo, que lhe doa
A
esse montão estéril de crateras
Quem
com quem dorme e quem a quem magoa.”
Nesta
noite, tal como em muitas outras,
A
mais óbvia franqueza vence a rixa,
A
minha mente, dura, ousa admitir
Que
ambos na força apostam sua ficha.
Dado
aquilo em que ambos acreditam,
A
Deusa tem, por certo, de partir,
E
sua majestade é só a máscara
Que
um dínamo sem rosto vem cobrir;
Mas
nenhuma das minhas naturezas
Pode
queixar-se se eu for rebaixado
A
um reles funcionário cujo sonho
É
vasto, sem escrúpulo, encrencado.
Supondo,
entanto, que meu rosto é real
E
não um mito ou máquina que visto,
Devia
a lua assemelhar-se a x,
Com
feições que eu de fato tenha visto,
Como
as de meu vizinho, ou uma face –
Não
um status, um sexo – como a sua,
Constante
para mim, não me importando
Qual
o valor que a x eu
atribua;
Essa
efusiva dama, porventura,
Que
uns versos seus me veio aqui trazer;
Esse
pobre que volta novamente
Em
busca de um empréstimo qualquer;
Contraimagens,
enfim, que balanceiam
Com
o que nelas é falta de peso
Meu
mundo, esse veículo privado
E
os motores inúmeros do Estado.
W.H. Auden
Tradução; Renato Suttana
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