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terça-feira, 3 de setembro de 2013

PEDRAS ANTÁRTICAS



Ali termina tudo 
e não termina: 
ali começa tudo 
se despedem os rios no gelo, 
o ar se há casado com a neve, 
não há ruas nem cavalos 
e o único edifício 
o construiu a pedra. 
Ninguém habita o castelo 
nem as almas perdidas 
que frio e vento frio 
amedrontaram: 
é sozinha ali a solidão do mundo, 
e por isso a pedra 
se fez música, 
elevou suas delgadas estaturas, 
se levantou para gritar ou cantar, 
porém ficou muda. 
Só o vento, 
o açoite 
do Pólo Sul que assobia, 
só o vazio branco 
e um som de pássaro de chuva 
sobre o castelo da solidão.

Pablo Neruda

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