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terça-feira, 3 de setembro de 2013

MÃOS DE CAMPONÊS



Mãos rústicas e honradas. Mãos bondosas
que adormecem na tarde, milagrosas
sob o incentivo bom da lua cheia
a abençoar os seios de uma esposa.

E adormecem cansadas da tarefa cumprida
rudemente - em silêncio - como que sob o encanto
de possuir nos músculos rosas encalecidas
de ter lavrado muito e ter semeado tanto!

Santificadas sejam em toda litania,
nos dão o trigo de ouro e o pão de cada dia
e seguem os preceitos que lhes deu o Senhor.

Haveria que enchê-las de flores e de gemas
as mãos de camponês que são todo um poema
nos quais os versos cheiram a terra e a suor!


Pablo Neruda 
- In O Rio Invisível

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