NO ENTANTO é tão vasto céu
a rodar o tempo, no entanto.
Estender-se e deixar-se levar
por este azul e amargo vento.
Debulhado vento do mar,
a minha cara vai beijando.
Arrasta-me, vento do mar,
aonde ninguém está esperando!
Para a terra mais pobre e dura
leva-me vento, nas tuas asas,
assim como levas, às vezes,
sementes de ervas más e rasas.
Elas precisam rincões úmidos,
sulcos abertos, elas querem
crescer como todas as ervas:
eu só quero que tu me leves!
Lá estarei como aqui estou:
e para onde vá estarei posto
com o desejo de partir
e as mãos na frente do meu rosto...
Pablo Neruda -
tradução: José Eduardo Degrazia
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