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terça-feira, 3 de setembro de 2013

NO ENTANTO É TÃO VASTO CÉU...



NO ENTANTO é tão vasto céu
a rodar o tempo, no entanto.
Estender-se e deixar-se levar
por este azul e amargo vento.

Debulhado vento do mar,
a minha cara vai beijando.
Arrasta-me, vento do mar,
aonde ninguém está esperando!

Para a terra mais pobre e dura
leva-me vento, nas tuas asas,
assim como levas, às vezes,
sementes de ervas más e rasas.

Elas precisam rincões úmidos,
sulcos abertos, elas querem
crescer como todas as ervas:
eu só quero que tu me leves!

Lá estarei como aqui estou:
e para onde vá estarei posto
com o desejo de partir
e as mãos na frente do meu rosto...

Pablo Neruda -
tradução: José Eduardo Degrazia

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